quinta-feira, dezembro 31, 2009

Excelente 2010

Feliz 2010 a todos os bloguers que, durante 2009, de alguma forma interagiram comigo, respondendo aos meus comentários ou ligando-se a este blogue.

Assim destaco o Marujo do E Deus Criou a Mulher, que continue a navegar nestes mares que povoa de belas sereias que nos levam à perdição; aos rapazes e raparigas do Insurgente, contra os quais me insurjo, sempre que posso, e com os quais discordo em quase tudo, mas não é por isso que deixámos de ter animadas discussões (em particular no Verão, que é quando tenho mais paciência para os aturar); à Lusitana Combatente, Terpsichore Diotima, que habita a Ilha dos Amores, para que não baixe as armas e continue a combater (por vezes ausenta-se durante tanto tempo, que julgo que abandonou o combate - foi a primeira a chamar-me a atenção para a questão dos efeitos secundários da gripe suína ou a tentativa de “privatização” dos sites da Internet; ao Tomás Vasques do Hoje há Conquilhas, pelas polémicas e respostas aos comentários, quando os havia; à eclética amiga M.P. do Eclético (e SIC TRANSIT GLORIA MUNDI); ao F.J. Santos do (Re)Flexões, que acompanho sempre com muita atenção, embora discorde com ele nalguns aspectos da política educativa e no papel da educação na sociedade; a Ana Cristina Leonardo com a sua animada Meditação na Pastelaria.

Outros blogues visitados amiúde, este ano: O Jansenista, com o seu bom gosto; A Causa foi Modificada, com o seu mau gosto para títulos e palavrões (ao ponto de não o colocar aqui nas listas de blogues, ao lado), mas rico em referências; e o Francísco José Viegas, d’A Origem das Espécies, um tripeiro liberal à moda antiga que sigo desde que entrei na blogosfera.

A todos, um Excelente 2010.




A lucidez de Esther Mucznik


«Se tivesse que resumir numa só palavra o tempo em que vivemos, eu utilizaria o termo "radicalização". Radicalização da violência social, em primeiro lugar, exacerbado pela crise económica: violência da pobreza, do fosso crescente entre ricos e pobres, do desemprego e da degradação da dignidade humana; violência de costumes e da "brutalização" das relações humanas; radicalização da própria natureza em revolta contra a mão humana; radicalização religiosa e nacionalista crescente; radicalização da violência militar terrorista - se é verdade que mata muito menos gente, ela é infinitamente mais cruel porque anónima, sem regras, imprevisível e dirigida maioritariamente contra alvos humanos desarmados...»

Esther Mucznik, no Público de hoje.

Pousou as palavras no papel, delicadamente, com todo o cuidado.

VERMEER, Johannes
A Lady Writing a Letter
1665-66
National Gallery of Art, Washington

Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra.

Somália, 2009, Lapidação de um adúltero

domingo, dezembro 20, 2009

Nem os pangolins escapam


Nem os pangolins escapam à ganância do Homem. Enfim, há quem os compre, logo há quem os roube. São capital, os pangolins! Podem dar muito lucro, os pangolins.

Sobre os pangolins, 130, ver aqui.

Sinais da sexta extinção em massa

Já estamos a viver na era da sexta extinção em massa, exactamente quando o número de seres humanos sobre a Terra ultrapassa os 6 500 milhões. A composição química da atmosfera está a ser alterada a uma velocidade sem precedentes e o consumo dos recursos naturais ultrapassou os limites da sustentabilidade. As consequências já começam a sentir-se na vida da Terra. São inúmeros os sinais. Só não vê quem não quer ver.

"We are seeing a lot of geographic range reductions that are of a greater magnitude than we would expect, and we are seeing loss of subspecies and even a few species," Barnosky said. "So it looks like we are going into another one of these extinction events."

Ler mais aqui.

Então pensávamos que o fim do mundo seria num só dia? Já começou. Dois séculos são menos de um dia no grande relógio cósmico. Não nos dou mais tempo.

sábado, dezembro 19, 2009

As palavras
não pesam
como as consciências.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

domingo, dezembro 13, 2009

terça-feira, dezembro 08, 2009

domingo, dezembro 06, 2009

quinta-feira, dezembro 03, 2009

terça-feira, dezembro 01, 2009

Lições do Império

São as guerras longínquas que garantem a paz que nos é próxima. Caso contrário, os bárbaros acamparão às portas da cidade. Esta é uma das lições do Império.

Talibãs

Quando uma bomba cai e os dizima, as suas armas são-lhes retiradas, as televisões são chamadas e por todo o mundo soa nos telejornais a atrocidade, o morticínio dos civis assassinados, por lapso, por mais um piloto equivocado.

Estes talibãs não passam de civis armados.

A Guerra dos Drones

Nos campos poeirentos do Afeganistão ensaiam-se novas armas. É o paraíso da indústria de armamento. Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, também os Nazis tiveram nos céus de Espanha um campo de ensaio para os seus bombardeiros, antecipando os campos de batalha da guerra que secretamente preparavam. No Afeganistão, a NATO testa agora toda sua parafernália tecnológica. Os seus drones varrem o céu silenciosos. Penetram furtivos no campo do inimigo e projectam o seu fogo mortal. Alguém os controla remotamente a milhares de quilómetros de distância. Findo o dia retornará a sua casa, para junto da família, após ter sido rendido por mais um camarada. Estes drones são os futuros arrasadores de centrais nucleares. Os iranianos que se cuidem. Novas armas, novas guerras. Como sempre.

domingo, novembro 29, 2009

Novembro: os dias sucedem-se à velocidade da luz.

Caspar David Friedrich, The Wanderer above the Mists, 1817-18

quarta-feira, novembro 25, 2009

Istiqlal

Mesquita de Istiqlal (independência), Jakarta

domingo, novembro 22, 2009

La belle Ferronière

Leonardo da Vinci, La belle Ferronière, 1490

quinta-feira, novembro 19, 2009

O deus de Xenófanes de Cólofon


Um só deus, o maior entre os deuses e os homens, em nada semelhante aos mortais, quer no corpo quer no pensamento.

Permanece sempre no mesmo lugar, sem se mover; nem é próprio dele ir a diferentes lugares em diferentes ocasiões, mas antes, sem esforço, tudo abala com o pensamento do seu espírito.

Todo ele vê, todo ele pensa, e todo ele ouve.

Xenófanes de Cólofon (c. de 570 a c. de 475 a.C.)

KIRK, G. et al., Os Filósofos Pré-Socráticos, 6ª ed. Fundação Calouste Gulbenkian, 2008, pág.274.

quarta-feira, novembro 18, 2009

A destruição do mar profundo



O autoritarismo democrático


«It would be a serious mistake to underestimate the degree to which the modern state has been weakened with respect to its material room for manoeuvre and its democratic qualities, but at the same time has been newly empowered with respect to authoritarian possibilities of action. The potential for achieving consensus in a democratic manner is diminishing. However, the state’s capacity to enforce decisions – the combined operation of force, law and information technological control internally – is being modernized and increased. In other words, it has become possible to compensate for the loss of democratic power by authoritarian means – while preserving the democratic facade. That is what is meant by democratic authoritarianism.»

BECK, Ulrich (2002), “The Cosmopolitan Society and its Enemies”, Theory, Culture & Society, Vol. 19 (1-2), SAGE, p. 40-41.

Séculos de Santa Inquisição e décadas de Estado Novo persecutório e pidesco, deixaram marcas na nossa sociedade. No código genético de muitos indivíduos e instituições está inscrita a propensão para a delação. Alguns de nós comprazem-se por isso em observar e escutar o próximo, com um prazer quase voyeurista.

Quando esses indivíduos se instalam em instituições públicas que devem zelar pela segurança dos cidadãos, passam a dispor de uma parafernália tecnológica moderna, orientada para a vigilância e controlo e são tentados, muitas vezes, a transgredir as suas competências utilizando esses meios para obterem informação privilegiada e poder. Qualquer cidadão, desde o homem da rua ao Presidente, pode ser alvo de escuta e vigilância por esses indivíduos, ao abrigo das instituições que é suposto servirem, a coberto de muito boas intenções. Compreende-se as desconfianças do Presidente e do Procurador acerca das possíveis escutas e espionagens nos seus gabinetes, dos seus telefones e computadores. Afinal, quem controla quem?

Segundo Beck (2002), tornou-se possível compensar a perda de poder democrático do Estado, através da utilização de meios autoritários ao seu dispor, mantendo-se a fachada democrática. Parece que já estamos a viver essa realidade neste país.

segunda-feira, novembro 16, 2009

A morte do albatroz

Segundo reza A Balada do Velho Marinheiro, cantada por Samuel Taylor Coleridge em 1797, abateu-se uma praga sobre a tripulação que ousou matar o albatroz e o seu navio teve um destino funesto. Ao marinheiro que abateu a ave, aguardou-o uma vida pior do que a morte.

Chris Jordan, captou as imagens de crias de albatroz mortas no atol de Midway com as entranhas cheias de plásticos coloridos que os pais, por equívoco, confundiram com alimentos no poluído Oceano Pacífico.


Nada de bom nos aguarda portanto, nem ao nosso navio.





O testemunho de Chris Jordan, AQUI.

domingo, novembro 15, 2009

sábado, novembro 14, 2009

quinta-feira, novembro 12, 2009

terça-feira, novembro 10, 2009


PODER POLÍTICO vs. poder judicial

The Thing That Should Not Be

Há sessenta anos atrás, o governo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.) autorizou a detonação da primeira bomba atómica nas estepes do Cazaquistão – o “Primeiro Relâmpago”. Ao longo de quarenta anos a região foi palco de testes nucleares e sucederam-se 456 explosões atómicas. A população das imediações foi exposta, sem o saber, a radiações silenciosas que devastaram três gerações de pessoas. Resultado: mais de um milhão de seres humanos viu a sua saúde abalada e padece de doenças que vão desde cancros, doenças da tiróide, deformações congénitas, envelhecimento prematuro e doenças cardiovasculares entre outras.

Onde estão os responsáveis por este crime? Quem os condenou? Que tipo de governantes eram os que sujeitaram os seus concidadãos a tais suplícios?

As fotografias do fotógrafo Ed Ou (Reportagem da Getty Images), podem ser vistas AQUI.


A enfermeira Nurse Larissa Soboleva segura um bebé de dois anos, num orfanato de Semey, no Cazaquistão (a fotografia é de Novembro de 2008). Adil nasceu cego, com paralisia cerebral infantil e hidrocefalia, como resultado da exposição da sua mãe à radiação, durante os testes nucleares. Foi abandonado pelos pais e encontra-se num orfanato.


A mãe de Berik Syzdykov, que nasceu cego e deformado como resultado da exposição à radiação quando se encontrava no ventre materno, acompanha-o ao exterior.

domingo, novembro 08, 2009

O Homem e o Mundo

«O mundo começou sem o homem e acabará sem ele

Claude Lévi-Strauss (1955), Tristes Trópicos, Edições 70

Um dia, em Carachi…

«Todo o islamismo parece ser, com efeito, um método para desenvolver no espírito dos crentes conflitos insuperáveis, para salvá-los, a seguir, propondo-lhes soluções de uma simplicidade muito grande (grande demais).»

Claude Lévi-Strauss (1955), Tristes Trópicos, Edições 70

Terra Amada

quarta-feira, novembro 04, 2009

Brasil, Brasil! O futuro.

Brasil, Brasil! Desordem e retrocesso.

Primeiro dançámos na praia à sombra das palmeiras. Depois lutámos (é sempre assim).

Agora, na TV, um helicóptero risca o céu em fogo e cai. O caos está instalado na cidade do Corcovado. A polícia militar sobe a favela a disparar e a ordem é para matar. Das prisões superlotadas os traficantes dão ordens pelo celular. Imagens de um apocalipse.

terça-feira, novembro 03, 2009

Tristes Trópicos


De Claude Lévi-Strauss (1908-2009) retenho a leitura dos Tristes Trópicos no início dos anos 90, no âmbito de um trabalho que tive de realizar para a "cadeira" de Transformações Socioculturais do curso que estava a frequentar. Foi assim que o descobri. Nessa obra narra a viagem que realizou pelo Atlântico para a América do Sul, nos anos 30, e fala dos encontros com os índios e com os borracheiros do Mato Grosso e do regresso à Europa pelo Paquistão. O que observou em Carachi, uma cidade fervilhante de vida, prestes a explodir em agitação, já fazia adivinhar os problemas que afectam o actual Paquistão.

Mais um Mestre que parte. Fica a obra e a nossa homenagem.


domingo, novembro 01, 2009

Humildade ou ousadia? (A propósito da vitória do Braga sobre o Benfica)

De tempos a tempos, sempre que uma equipa supostamente mais fraca vence uma mais forte, lá vêm os treinadores e os adeptos salientar a importância da humildade. “Se continuarmos a ser humildes poderemos ser campeões”, dizem, ou qualquer coisa do género, “Vencemos porque fomos humildes”. Humildes?! Venceram porque foram ousados, isso sim. Segundo disse um filósofo um certo dia, ou Pascal ou Espinosa, não sei bem, a humildade é a impotência dos fracos. É a tacanhez de chapeuzinho na mão, a acocorar-se perante os fortes. Humildade?! Sempre presente no discurso do português mais tacanho. Humildade uma ova (para não dizer um impropério dos mais peludos)! Ousadia, isso sim! É hora de pôr a humildade no saco. Corrê-la dos discursos e das posturas nacionais. É necessária ousadia. Ousadia e audácia. A sorte protege os audazes e desdenha dos humildes.

Cabanas de Tavira, 1 de Novembro de 2009, 15:30, 27º C

Será aquecimento global ou local? Talvez glocal.

Bom Dia Novembro

sábado, outubro 31, 2009

O equinócio de Saturno

Fruitadens haagarorum

O mais pequeno dinossauro da América do Norte.

Para mais detalhes consultar o New York Times.

Jared Diamond e o Colapso das Sociedades

Retirado do Bicho-Carpinteiro

sexta-feira, outubro 30, 2009

Enriquecer é glorioso

Ninguém até hoje ousou morrer pelo capitalismo. Nenhuma bandeira foi alguma vez erguida em seu nome num campo de batalha. Não consta do nome de qualquer país ou república. Não se trata portanto de uma utopia, pronta a ser defendida por um qualquer revolucionário que queira mudar o mundo, e a razão pela qual não é uma utopia é porque o capitalismo tem lugar. Povoa o mundo e os seus malefícios alastram ao planeta inteiro. Os recursos planetários são consumidos à velocidade da luz e o homem comporta-se como um parasita que mata o hospedeiro.

A exploração do homem pelo homem continua e aumenta a concentração da riqueza, da propriedade e do poder, no rescaldo de cada crise económica capitalista. Prossegue a acumulação pela apropriação dos bens comuns ou colectivos, através das privatizações, sob a passividade das sociedades dominadas por um individualismo crescente. Tudo é transformado em capital: dos recursos naturais ao património genético, do património intelectual às florestas e espécies animais. O planeta está a saque por empresários vorazes e políticos corruptos que actuam na avidez do lucro e na procura enriquecimento rápido, nem que seja à custa do empobrecimento de todos. Crescem as desigualdades sociais e económicas e aprofunda-se o fosso entre a minoria dos ricos e a imensa maioria dos pobres. Tal ocorre com maior gravidade nos países que abraçaram o capitalismo (as desigualdades sociais são um dos maiores indicadores da sua presença). Surge um terceiro mundo dentro do primeiro, constituído por uma multidão de pobres que se torna mais visível quando catástrofes naturais, como o furacão Katrina, arrasam cidades: eles são os desprotegidos que ficam para trás quando os ricos se põem a salvo. Acentua-se a polarização social e espacial em todos os territórios, com o aumento das disparidades regionais e a concentração de poder num reduzido número de cidades e a marginalização de regiões distantes. Os ricos encerram-se em condomínio fechados e os pobres entrincheiram-se em favelas e bairros de lata. Engrossam as legiões de desempregados, considerados perdedores e inúteis sociais, e degrada-se a qualidade do emprego, onde ele existe. À medida que o Estado e os sindicatos enfraquecem, o mercado entra em roda livre e torna-se disfuncional: um monstro que ninguém controla. Verifica-se cada vez mais um crescimento económico à revelia da criação de emprego. O crescimento económico com desemprego torna obsoletos os discursos daqueles que o vêem como a panaceia de todos os males sociais. Uma elite dominante esforça-se por se manter nos lugares de topo e perpetua-se nessas posições, impedindo por ínvias formas e por discriminação velada, a ascensão social dos mais pobres e dos elementos da classe média. Os adolescentes dos subúrbios e das favelas são aliciados e anestesiados com modas fúteis, hip-hop, coca-cola e hambúrgueres. Os filhos das elites são educados na altíssima cultura. A identidade cultural dos povos do planeta enfrenta por todo o lado o rolo compressor e nivelador do capitalismo, que se move pelo dinheiro fácil e pela maximização do lucro.

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Epílogo

O capitalismo tem virtudes e pode ser uma solução momentânea para alguns problemas muito graves de carência, ao permitir a produção em massa de forma a satisfazer necessidades crescentes, muitas delas artificiais, fomentadas por uma publicidade omnipresente. É gerador da produção e do consumo de massa. As sociedades que abraçaram a condição capitalista parecem prosperar e a pobreza reduz-se com a possibilidade crescente de aquisição de bens de consumo e de alimentos, ainda que à custa do esgotamento dos recursos naturais, da qualidade do ambiente e da extinção de espécies. Talvez a maior virtude do capitalismo seja a de contribuir para a redução da pobreza, no curto prazo, iludindo os que enriquecem rapidamente. Veja-se o que está a acontecer actualmente na China, o país dos dois sistemas, onde enriquecer é glorioso: o socialismo e o capitalismo coexistem numa pragmática solução oriental, mas o ar das cidades está a tornar-se irrespirável. Os chineses conseguem por agora conciliar a liberdade de escolher capitalista com o seu comunismo, mas tiveram de lançar a igualdade pela janela.

sexta-feira, outubro 16, 2009

A última árvore

Muitas vezes perguntei a mim próprio: «O que terá dito o ilhéu da Páscoa que cortou a última palmeira, enquanto o fazia?» À semelhança dos lenhadores modernos, terá gritado: «Empregos sim, árvores não!»? Ou: «A tecnologia vai resolver os nossos problemas. Nada temam, havemos de encontrar um substituto para a madeira»? Ou: «Não temos provas de que não haja mais palmeiras algures na ilha, temos de fazer mais pesquisas, a vossa proibição de cortar árvores é prematura e provocada por medos irracionais»? Questões semelhantes surgem todos os dias, em todas as sociedades que prejudicam inadvertidamente o seu ambiente.

Diamond, Jared (2005); Colapso. Ascensão e Queda das Grandes Civilizações. Gradiva.

terça-feira, outubro 13, 2009

Os guardiões

Junto ao mar contemplamos

A partida do último homem

Depois das árvores.

Seremos os últimos guardiões do mundo

Deixado para trás.

Aqui pernoitaremos

Até ao fim dos tempos.


Nota: os moai não contemplam o mar. Na ilha de Páscoa as estátuas não estão a olhar para o mar.

Sobre este assunto, ler a obra do geógrafo Jared Diamond:

Diamond, Jared (2005); Colapso. Ascensão e Queda das Grandes Civilizações. Gradiva.

domingo, outubro 11, 2009

October Lazy Sunday Morning in Spain

Praia de Islantilla (Andaluzia)

Passeio de Islantilla (Andaluzia)

A tranquilidade matutina do domingo oculta uma ameaça velada. O Verão prolonga-se até meados de Outubro e ainda não terminou. A água falta nos campos e nas albufeiras. Na serra aguarda-se desesperadamente pela chuva. Entretanto tudo é abandono e quietude. Receia-se um novo ciclo de prolongada seca. Mas está uma agradável manhã de domingo em Islantilla.

sábado, outubro 10, 2009

terça-feira, outubro 06, 2009

Ozymândias



Nemrut Dagi, sudeste da Turquia

Ozimândias

«Encontrei um viajante de uma terra antiga,
Que disse: “Duas vastas pernas de pedra sem tronco
Erguem-se no deserto. Perto delas, na areia
Meio enterrado, jaz um rosto despedaçado, cujo olhar severo
Revela na expressão escarninha de frio comando,
Que o escultor bem sabia ler essas paixões
Que ainda sobrevivem, estampadas nestas coisas sem vida,
A mão que as arremedava e o coração que as alimentava.
E sobre o pedestal, podem ler-se estas palavras:
“O meu nome é Ozimândias, Rei dos Reis:
Olhai as minhas obras, ó Poderosos, e desesperai!”
Nada mais resta ali. Em redor da ruína
Daquele colossal destroço, ilimitadas e nuas
As solitárias e suaves areias estendem-se na distância.»

Percy Bysseh Shelley (1792-1892)


E ainda há quem clame por reis e pela glória perdida,
- A vã glória de mandar - quando o destino dos reis é o do homem mais comum, e na sua vida
Ordenam obras destinadas às areias dos desertos e impérios de vento.
E os ossos apodrecidos dos homens que os serviram
Jazem no fundo dos oceanos, tendo os navios como sarcófago
E o mar como sepultura.

sábado, outubro 03, 2009

Humanismo grego


Muitos prodígios há; porém nenhum
maior do que o homem.
Esse, co’o sopro invernoso do Noto,
passando entre as vagas
fundas como abismos,
o cinzento mar ultrapassou. E a terra
mortal, dos deuses sublime,
trabalha-a sem fim,
volvendo o arado, ano após ano,
com a raça dos cavalos laborando.

Sofócles, Séc. V a. C.

quarta-feira, setembro 30, 2009

Os pigmeus Mbuti e o saque do mundo


Raparigas, cobertas de barro, preparadas para a cerimónia de circuncisão dos rapazes.

Os Mbuti são uma tribo ancestral de caçadores recolectores em pleno século XXI. O seu habitat - as florestas da República Democrática do Congo - encontra-se cada vez mais ameaçado pela desflorestação.

Se a maior parte de nós deixou, há milhares de anos, de ser caçador-recolector, os poucos que restam nos seus secretos redutos, serão forçados a deixar de sê-lo, este século. É o resultado da transformação da floresta equatorial em capital por empresários do ramo madeireiro e por governantes corruptos.

A África continua a saque, já não por colonos e exploradores ávidos de marfim, ouro e escravos, mas pelas elites dirigentes aliadas às multinacionais, ávidas de lucro e recursos naturais.

É assim que a globalização vai alimentando, desde o século XV, o saque do mundo.

terça-feira, setembro 29, 2009

E agora, algo verdadeiramente mais interessante...

Reunião de Grous nos arredores de Berlim

segunda-feira, setembro 28, 2009

Vitória de Pirro

Terminadas as legislativas eis que ganha o PS, como se estava à espera, contudo, foi uma vitória de Pirro. Uma vitória em perda. Uma vitória, paradoxalmente, com o amargo trago da derrota.

O PS ganhou, mas foi o único que perdeu: perdeu em relação às últimas legislativas, de forma absoluta e relativa; perdeu em número de deputados, quando, todos os outros partidos ganharam, em números absolutos e relativos.

A maioria dos eleitores portugueses absteve-se ou votou no conjunto dos partidos da oposição. Por outras palavras, a maioria do PS é relativa. É portanto errado dizer que o povo português escolheu o PS. Menos de metade dos eleitores escolheu o PS, e menos ainda se considerarmos todo o povo português.

Quem não vota consente, porque cala a sua voz democrática, e assim, quem não votou, consentiu e não deve agora vir queixar-se do resultado.

O chavão é agora o da "responsabilidade" (palavra muito repetida por Augusto Santos Silva), assim como a de "governação de geometria variável". Mas a responsabilidade está em primeiro lugar do lado do PS, que tem de criar condições, neste contexto, para a governabilidade do país, em vez de procurar, como desculpa para o novo desgoverno, a irresponsabilidade dos seus adversários políticos.

domingo, setembro 27, 2009

sábado, setembro 26, 2009

Ships lying off Flushing

Ships lying off Flushing, Paul Jean Clays (1869)

quinta-feira, setembro 24, 2009

Portugal: a sociedade mais desigual

Fonte: Eurostat, 2009

Ver aqui.

O Índice de Gini mede as desigualdades de rendimento. Zero significa perfeita igualdade (ou seja, toda a gente tem o mesmo rendimento) e 100 a perfeita desigualdade (ou seja, uma pessoa tem todo o rendimento e as restantes, nenhum).

Como podemos verificar pelo quadro, Portugal, em 2005, era o país mais desigual da União Europeia: a diferença de rendimento entre os mais ricos e os mais pobres era a maior. Quase o dobro do valor da Suécia!

Actualmente continuamos a ser o país socialmente mais desigual da União Europeia, mas parece que o maior problema são as idiotices dos assessores do Presidente.

É hora de abrir os olhos!

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